Por onde começar?

Quando ainda crianças, não nos perguntamos muito por qual caminho seguir... Vamos seguindo, alguns mais receosos, outros menos, mas vamos decidindo passo a passo qual o próximo passo a dar, sem nos determos muito no que envolve cada passo dado, que diferença fez ou fará tomarmos esta ou aquela direção. Vamos experimentando. Vamos vivendo sem pressa e sem lentidão. O tempo não nos assusta.
Depois, vamos sendo meio que conduzidos, pelos amigos, pelos pais, pelos professores, pela falta de escolha... Afinal é estudar ou estudar. É vestir aquela roupa, porque a mãe já a separou; é cumprir aquele horário do dentista que nos lembram e nos apanham antes para não haver atrasos; é o acordar e já ter agendados o curso de inglês, o jogo de vôlei, etc.. etc...
Mas quando crescemos e estamos por nossa conta a fazer escolhas, tomar decisões e organizar bem o nosso tempo, às vezes como é difícil.... Como é complicado saber por onde começar. Havendo nada pra fazer, reclamamos; havendo um turbilhão de compromissos, reclamamos da mesma forma... O tempo nos desafia e parece pequeno. Os prós e contras de cada decisão parece nos confrontar com milhares de cálculos, de possíveis perdas, arrependimentos... E a vontade vez por outra é simplesmente sentar em silêncio e não fazer, nem decidir nada. Apenas gargalhar lembrando de um momento engraçado, ou cantar uma canção, ou tirar um cochilo... Mas os compromissos, as demandas do dia-a-dia adulto não tiram folga. Estão sempre lá, à espreita. Como se nos perguntassem a cada momento: "Então? Já escolheu suas prioridades, enumerou-as... Sabe por onde começar?". Somos nós que nos cobramos ou é o mundo? Talvez ambos. Mas o fato é que estou aqui a escrever e tenho telefonemas a dar, consultas para marcar, entrevistas, pequenos consertos caseiros, voltas com o cachorro, emails a responder, jobs para finalizar... GRRRR... Que saudade do tempo de pequena, em que tudo parecia tão simples e tantas vezes o tempo parecia demorar a passar.